terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Requiem in pace AJ-28-26



Este post, é a justa homenagem ao ilustre AJ-28-26, que irá dentro em breve ser destruído para reciclagem, e vilmente substituído por outro, sem qualquer remoço, e sem o cumprimento da vã promessa de o fazer durar mais vinte anos, e a fatídica historia de amor entre ele, e o companheiro deste blog.

Corria o ano de 2003, eu, o colaborador deste blog, e um amigo comum, tínhamos ido passar umas mini ferias a Segadães (não vale a pena ver no mapa, não esta lá, mas fica no norte do pais, perto de Águeda), a convite do nosso amigo Tripeiro (nome semi-fictício).

Eram 16 horas, tínhamos chegado à estação de comboios de Aveiro, e para nos receber e acolher ao famoso destino, estava o Tripeiro e o AJ-28-26, foi nesse momento que o colaborador do blog se apaixonou pelo bólide, uns dizem que foi amor a primeira vista, para mim foi tentativa de violação ao primeiro toque.

Chegamos a casa, numa viagem feita com os devidos elogios à idade do ilustre e varias demonstração do seu potencial (não confundir com potência), e noto já ai algumas festas e esfreganços rectais do colaborador ao respectivo veiculo.
Já em casa, quando ninguém deu por nada, tomou de assalto o volante do carro, num gesto brusco e irreflectido dum recém encartado, apaixonado com o seu brinquedo novo, e numa confusão de números, já tinha ido três vezes contra a vedação quando descobriu o R da marcha atrás, deu três voltas ao condomínio, e quando o Tripeiro se queixou da conta do Gás (o AJ-28-26 é híbrido), lá encostou o bólide à cerca, claro, que aqui, o encostou, não é só no sentido literal, é também no sentido físico e químico.

No dia seguinte fomos os quatro almoçar a um restaurante com vista para um rio, que não me lembro o nome, um sítio calmo, bem frequentado, com uma ementa maravilhosa e um serviço recomendável, comemos e bebemos que nos fartámos, pagámos a conta e saímos, o Tripeiro e o outro amigo tinham-se atrasado, e quando eu e o famoso colaborador chegámos ao pé do carro, este abre-me a porta pois tinha roubado a chave, e somos os dois dar uma volta pela estrada de terra batida, ao lado do rio.

Começamos por fazer aquilo que ele chamou de “start burning”, que é qualquer coisa parecida com um arranque a esgravatar e a engrenação repentina da segunda velocidade, chegamos ao fim da estrada e demos uma volta de 180º, que é comummente chamada de “pião”, e só não ficamos voltados ao contrario porque foi mal feito, foram só 90º, depois viemos direito ao restaurante com a força toda, e é ai que se dá o fatídico acontecimento, numa tentativa de fazer ainda não sei bem o quê, que uma arvore se atravessou no nosso caminho, destruindo a parte da frente do célebre bólide, ponto termo ao amor de pouca duração, com um divorcio com excomunhão de bens ilicitamente adquiridos.

Foi deveras muito penoso para mim, um sofrimento incalculável, só me lembro das árduas dores abdominais, que iam desde o externo á bexiga já apertada e comprimida com a força das contracções de tanto rir, e num momento de lucidez, tirei a maquina fotográfica e guardei esta imagem para a prosperidade futura, desse momento lembro-me perfeitamente de algumas coisas que não estão na fotografia; a completa indiferença de dois pescadores ao sucedido, não sei se aquilo era frequente por aquelas zonas, pois olharam um para o outro com um olhar do tipo, “-olha, mais um!”, lembro-me da cara de estupefacção do inconsolável colaborador, contrastando com a aceitação do Tripeiro, de certeza que quando deu pela falta das chaves, ligou logo para o 112 por precaução, lembro-me da cara do Pai do Tripeiro quando chamado ao local para nos rebocar a dizer, “-porra, tinha que durar mais vinte anos!”.

Posto isto, hoje vejo a sorte que tivemos da arvore nos ter aparecido à frente, caso contrário nesta altura estávamos boiando no meio do rio a servir de buffet aos peixinhos, mas pelo menos teríamos causado uma reacção qualquer aos pescadores, do tipo “-fooooda-se, filhos da puta, espantaram os peixes!”

6 comentários:

Sigmund Freud disse...

Epá, em abono da verdade, tenho que realçar, que este não foi o primeiro mas sim o último encontro com o AJ-28-26, isto é, sendo eu a conduzi-lo... O primeiro encontro fatídico ocorreu na célebre viagem a casa do colaborador PEDRUMA ocupanhado com o Dono e pelo P.(fica so conhecido por P, mas para vos dar uma pista de quem se trata digo apenas que o animal anda por Coimbra).Nesta viagem, foi feita uma paragem no centro comercial colombo, e foi ai que os encostos ou assedios sexuais começaram, levando o AJ-28-26, 4 vezes, contra as barras de separação do estacionamento, mais uma vez a procura do R da marcha atrás!! Não sei se foi amor a primeira vista ou se apenas gostei do som da frente a roçar, mas desde ai fiquei perdido de amores pelo AJ-28-26!!
Aqueles bancos de tecido de altissima qualidade que faziam lembrar a pele de crocodilo albino importado do Polo norte, a folga do volante que apenas é comparavel com a folga no anus que as "meninas" da esquina do IST tem, o cheiro do tubo de escape que nos relembra o velho rio Trancão, os cintos de segurança que parecem as fitas que colocamos nas arvores de natal pois estes tambem serviam unicamente para enfeitar, a buzina que relembra os ataques de catarro do meu avô nas manhas de inverno, enfim tudo o que queremos e podemos imaginar num carro que faz inveja aquelas carrinhos de brincar provenientes de uns italianos manhosos em Maranello,melhor que o AJ-28-26 so mesmo os carros das compras dos supermercados.

Varias coisas ficaram gravadas na minha memoria em relação a esse dia:
-O riso do Pedruma que como qualquer Deus ja tinha previsto o destino do AJ-28-26 contra a arvore muito antes, mais um pouco seria a unica vitima humana no acidente,devido a falha de oxigenio de pulmões de tanto se rir !!
-O filtro do oleo colocado cirugicamente, devido ao impacto, 2 metros a frente da arvore!!
-A expressão da cara do P., que parecia a unica pessoa para alem de mim, que estava nervosa no meio daquilo tudo!!
-Por fim, a frase que o pai do Tripeiro disse que foi sim,"tinha que durar mais quarenta anos" e não vinte.

Resumindo:
- Viagem ate Lisboa-Aveiro por comboio: 2 contos
- Um bom almoço com os amigos num bom restaurante: 5 contos
- Arranque a "queimar borracha": 100 escudos de Gás
- Frente nova do AJ-28-26 : 120 contos
- Riso do Pedruma, a cara do P., a paciencia do Tripeiro, e uma tarde para recordar: PRICELESS!!!!

Enfim, deixo esta frase: Recordar é viver!!!


PS: Ainda falta a historia em relação ao veiculo de substituição nessa tarde, que foi o carro do avô do Tripeiro, mas essa fica para os jantares de reunião da malta e para os nossos netos!!!

Anónimo disse...

Resta saber o que teria acontecido caso em vez da árvore vos tivesse aparecido à frente algo com mais...vida. Fica a questão...

Sigmund Freud disse...

Com mais vida!? Altamente improvavel!! Ainda por cima onde aconteceu e a velocidade que aconteceu!! A unica coisa que existia ao fundo da estrada para alem da arvore era o P. e diga-se de passagem que por vezes ha arvores que tem mais vida do que ele! Ah, tb la estava o Tripeiro, mas se esse fosse levado a frente em vez da arvore o prejuizo da minha parte era menor, pois nao tinha que pagar o arranjo do carro :)

Pedruma disse...

Desculpem lá bater na mesma tecla; os pescadores.
Mas supondo que a arvore não se tinha atravessado e atropelase-mos um dos pescadores, o outro nao haveria de se ter importado, a não ser que o corpo caí-se dentro de água e espantá-se os peixes!

Anónimo disse...

Eu, pessoalmente gostava de deixar aqui um testemunho. A adrenalina no meio daquilo tudo foi tanta, que a pessoa X, o dito cujo condutor, nem se apercebeu dos estragos no carro após o embate e ainda tentou fazer marcha atrás e continuar com a brincadeira. A unica coisa que o alertou para o facto foi a cara de aflição do Tripero ao ver o sucedido, e o resto já sabem.

Anónimo disse...

O veiculo de substituição, gentilmente cedido pelo pai do Tripero,era nada mais nada menos que uma viatura de transporte de gado vivo, subtilmente disfarçada de Renault5. E essa viatura do demo causou a um dos ocupantes(tragica vitima dos acontecimentos),uma crise alergica que durou 2 dias....