quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

As Lojas dos Chineses


Depois do curto período de ferias lectivas, e regressado à capital, não pude deixar de constatar o crescente número de lojas dos chineses espalhadas por Lisboa , para terem uma ideia acho que nem a progressão do preço da gasolina nos últimos 10 anos se compara ao crescente número desses estabelecimentos.

Claro que já tive a curiosidade de entrar em algumas, e das varias que entrei a única diferença que achei entre elas, foi o modelo dos óculos do lojista chinês, os que usam, já entrei em lojas em que os comerciantes devem usar lentes de contacto (made in china), mas de resto é igual, até a musica ambiente, se não estou em erro é o mesmo CD em todo o pais, senão é, é parecido.

As poucas experiência que tenho como consumidor, advêm da aquisição a pronto pagamento e sem juros, duma chave de fenda, que na primeira utilização se tornou apenas chave, pois a fenda ficou na ranhura do parafuso, e uma maquina cortar cabelo, que na primeira utilização entendi que não era de cortar, mas de arrancar cabelo e como as especificações estavam em chinês não entendi, e lembro-me igualmente da minha namorada ter comprado uma consola de jogos portátil, que apenas durou 5 horas sem o botão ficar permanentemente encravado, até hoje.

Pelo que observo, e por experiência empírica, a sorte é que a maior parte dos alegados fregueses, não passam de meros visitantes que não compram nada, e apenas deambulam por o meio das jarras, das ferramentas, das roupas e de toda a espécie de suvenires para se dar aqueles amigos que menos gostamos mas que temos que oferendar, ou mesmo aos inimigos, visto haver lá a venda aparelhos eléctricos, os quais eu nunca mais me atreveria a ligar a uma tomada com 230V.

Mas o pior, é que nos 100 metros circundantes da minha casa estavam 3 e no período de ferias abriu a 4º, era a que faltava, depois queixam-se que não há comercio local, não há, mas não por falta de empreendedorismo, e muito menos da concorrencia chinesa, é antes por falta de espaço.

Fica aqui o velho e gasto conselho; feche o seu abençoado CU, os chineses abrem lojas em qualquer buraco!

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Se conduzir, não beba!


Vindo há uns dias da capital pelas nossas lindas IP’S, com as suas igualmente lindas e circundantes paisagens, não pude deixar de fazer uma reflexão acerca daqueles poluentes sinais que se encontram ao longo da estrada, apelando ao condutor, que “se conduzir, não beba!”

O que me chateia mais nem é o grafismo á anos 60, nem a desapropriada mensagem, é precisamente o local onde estão instalados.

Quando alguém os vê (se conseguir ainda ver alguma coisa), é porque já vai incorrendo na prática da condução, logo mesmo que já tenha bebido, certamente não vai encostar a merda do carro ao lado do sinal à espera que a bebedeira lhe passe, e mesmo que encoste não deve estar lá ninguém, pois estão colocados em sítios inóspitos, longe de qualquer bar, dai o encosto não é recomendavel.

Logo, não seria mais razoável, a porra dos sinais estarem espalhados nos bares e restaurantes deste pais, em vez de andarem para ai a poluir as suas paisagens, a não ser que a mensagem esteja incompleta, e eles queiram mesmo dizer: “se conduzir, não beba… pode derramar”

Isto é o mesmo que porem os avisos que “Fumar Mata” inscritos na parte de dentro dos caixões dos gajos que morrem vitimas de cancro pulmonar.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Vingança ou aviso!?

No dia 12 de Fevereiro de 2007, após a clara vitoria do sim no referendo, Portugal é abalado por um sismo. Mais uma vez fiquei espantado com os comentários que surgiram em volta deste fenómeno natural, neste caso vindo das velhas beatas que se encontravam a porta da igreja lá da aldeia. Fui eu, enveredando a minha faceta de inconformado, até a Junta de Freguesia reclamar pelo número atribuído ao meu “palheiro”, é verdade o “palheiro” já tem número, é o 78. Não conformado com esta atribuição, fui reclamar e requerer a mudança para o 69, sempre achei piada a este número, vá-se lá saber porque, enfim. No meio de tanto espaço da terriola, decidiram por bem colocar o edifico da junta mesmo em frente a igreja, devem ter pensado que assim recebem uma ajuda divina e a papelada é despachada mais depressa da mesma maneira que as igrejas despacham o dinheiro dos "crentes" para o vaticano.

Estava então eu a espera para ser atendido quando dou por mim a ouvir a conserva das beatas, pois sempre achei que no mundo animal este é um dos espécimes mais interessantes para ser estudado, eis que uma delas vira-se para a companheira e diz: “Já viu, vizinha, como dEUS castiga! Depois dos resultados de ontem no referendo terem sido a favor do sim, dEUS decidi-o mostrar o seu desagrado e fez a terra tremer!!”

Fiquei espantado, surpreendido com o comentário, mas como diz a minha mãe, eu já tenho idade para ter juízo, e é verdade, coisas destas já não me deveriam deixar surpreendido ainda para mais que vivo tão perto da terra dos fenómenos.

Enfim, eu sei qual foi o evento que se encontra por detrás do sismo nessa segunda-feira, apenas não disse as beatas o que foi, pois como característica relevante mas não principal da espécie das beatas é o seu elevado grau de velhice, estar a explicar o que se sucedeu poderia a levar a que estas entrassem ,por exemplo, em combustão espontânea ou terem um AVC.

Não foi vingança, não foi aviso, o que se passou e por isso peço desde já as minhas desculpas, foi a queca do ano! É verdade, já ha muito tempo que não dava uma queca como deve ser e depois deu nisto. Um tremor de terra que se sentiu em Portugal continental e arredores. Estava a experimentar uma posição nova, resultado, cama partida, aparição súbita de mais "rachas" no meu quarto e varias queixas na gnr a conta da brincadeira.

Conclusão, foi criado uma fundação, a F.F. (Fundação Freud), claramente com fins monetários com vista a patrocinar umas ferias para mim e mais umas felizes EPV seleccionadas por mim, no vaticano. O objectivo da viagem será reproduzir o mesmo fenómeno por lá para ver se aquilo desmorona de uma vez por todas e deixa-mos de ter o povo Português a viver ainda na idade das trevas, sobre a alçada daquela cambada de pedófilos que compara o aborto com a pena de morte, e a gente sabe bem que já no tempo da inquisição eles eram contra a pena de morte. Além do mais nunca ninguém foi morto em nome de dEUS , isso é pura ficção.

PS: Em abono da verdade as falas das beatas foram ligeiramente alteradas, da forma como se encontram podem parecer que são elementos inteligentes mas fui eu que traduzi para um dialecto mais coerente. Já agora e prevenindo futuros comentários, a aparição súbita de mais "rachas" no meu quarto refere-se as falhas na parede e não ao aparecimento de mais gajas no meu quarto, não vá o caso de voces pensarem que a conta da aparição vou abrir um santuario como os outros. Mas por acaso até era mais bem empregue um santuario louvando as outras "rachas".

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

A Cabidela



O povo português, o menos preguiçoso e mais responsável, reivindicou ontem nas urnas o direito a um serviço de saúde digno e igualitário, livre da pia hipocrisia e dos devaneios dos paladinos da santa castidade.

É sem espanto que o SIM ganhou, mesmo com a chuva e a campanha terrorista da Santa Igreja, que mesmo em dia de eleições não poupou os créus às sua ameaças e as suas recomendações de voto, mesmo num pais onde, segundo os últimos sensos 90% confessam a religião católica.

Posto isto, e recordando as antigas ameaças por parte dos cardeais, dos bispos, dos padres, dos cónegos, dos diáconos, e dessa canalha toda, que constava em escumungar os que no dia de ontem votassem SIM.
Daí espero que a promessa seja cumprida, e que ainda hoje dê entrada no Vaticano os processos de escumulhão dos 2.238.053 portugueses que votaram SIM.
Eu por mim, só peço que me mandem uma certidão, para eu emoldurar e ostentar no wall de entrada da minha casa, já não exigo um cartão para pôr na carteira ao lado do cartão do Glorioso!

Já agora, o que é que vão fazer às litradas de sangue das lágrimas que a mãe do JC verteu com a decisão dos portugueses, tal como alarmaram no folheto de propaganda do Não, eu tenho uma solução, apesar de não ser apreciador, nem um expert em culinária, mas que tal uma mega cabidela regada com água das pedras para a azia, e distribuir o banquete pela Conferência Episcopal Portuguesa?

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Congruência? Não Obrigado!



Há um novo movimento em campanha para o referendo da IVG que não foi contemplado na resposta à pergunta do mesmo, o movimento pelo NIM, o NIM tem como principais fundadores e defensores o ilustre professor Marcelo Rebelo de Sousa, e o seu partidário Marque Mendes, respectivamente.

Pelo que entendi, tais criaturas defendem que o aborto não deve ser “livre”, mas deve ser despenalizado, ora isto é confusão a mais para a minha cabeça, afinal de contas o que é que aquela gente quer?
Será que a proposta de alteração à lei deverá ser: “A mulher grávida que der consentimento ao aborto praticado por terceiro, ou que por facto próprio ou alheio se fizer abortar, não é punida nem com uma horita de prisão”. Ou seja, caso a lei que eles defendem vigora-se, que inviabilizaria a actual moldura penal que são 3 anos de prisão para o crime de aborto, nesse caso, o que impediria as mulheres de recorrerem ao aborto? O mesmo seria ilegal, mas a pena por incumprimento da lei não seria nenhuma.

Será que a esta gente do NÃO, o termo congruência, não lhes diz nada?! O exemplo disso não é só o actual movimento pelo NIM, entre eles, há os que argumentam entusiasticamente que nos últimos anos nenhuma mulher foi presa, motivo porque os defensores do Sim não se devem preocupar com a actual lei, não sei se não sentem vergonha numa classe judicial que não cumpre o código penal, se antes sentem orgulho nisso, e como argumentam que um feto é um ser humano, não deveriam defender a revogação da lei com uma moldura penal idêntica ao crime de homicídio premeditado, que pode ir até 25 anos de prisão?

Há ainda outros, acérrimos defensores da “vida”, que concordam com a actual lei que prevê a excepção para o caso de violação da mulher; segundo eles, é menos “vida” o feto originário duma violação? Não deveria também, ter direito a igual defesa da parte deles, e não ser julgado pelos erros do pai?
Claro que há energúmenos, que defendem que nem em caso de violação, ou malformação do feto, a mulher deve interromper a gravidez, mas esses ao menos são coerentes com aquilo que defendem, ou antes, com noção que têm de “vida”. Há ainda outros que para alem da violação da mulher e malformação do feto, são totalmente contra a interrupção da gravidez, mesmo que dela advenha perigo para a integridade física da mulher, e que se opuseram à actual lei, reivindicando, que a lei não deveria contemplar excepções; nem que a Mãe morra, tem que parir, afinal a mulher serve para quê?, é disso exemplo a Santa Igreja.

Se a Igreja, os seus pastores e os seus borregos, vêm num feto com menos de 10 semanas, uma vida, porque motivo não o baptizam? 

domingo, 4 de fevereiro de 2007

O Grande Português


A RTP anda a transmitir um programa, cujo nome é “Os Grandes Portugueses”, pessoalmente ainda não entendi o propósito que serve tal programa, para alem de substituir a electricidade estática do monitor; e até tenho sérias dificuldades em descortinar o que estava na mente do criador do formato, para além dos ácidos, do álcool e da merda, claro.

O programa é uma espécie de tudo, que acaba por não ser rigorosamente nada;

-é um jogo interactivo constituído por 100 candidatos propostos, 100 defensores dos mesmos, um moderador, e vários votantes com vista a eleger o grande português de todos os tempos,

-é um talk show, com alguns entrevistados de diversas áreas que a única coisa que têm em comum, é um convite da rádio televisão portuguesa para irem ao programa defender o seu voto, ou debater as escolhas do publico,

-é um programa didáctico, porque narra a biografia dos candidatos, contextualizada na historia da sociedade portuguesa, e sua respectiva importância na mesma,

-é uma espécie de frente a frente, quando dois defensores partidarizam a sua escolha,

-e é igualmente uma comédia, porque alguém se empenha em fazer daquilo um programa sério.

O concurso está dividido em três fases, na que se transmite agora, só já temos os 10 mais votados pelo público, e para grande espanto de alguns o Senhor Ditador Oliveira Salazar estar lá no top ten, claro que tal facto se deve exclusivamente à RTP, que aquando ninguém se lembrou do canalha, achou por bem, propô-lo para os 100 primeiros, anunciando prontamente a proeza, a RTP ganhou uns trocos em receitas de publicidade, com os inúteis debates em torno do assunto por eles criado, e os portugueses ganharam o enxovalho de ter o ditador no top ten.

Mas o pior daquilo é o critério, ou melhor, a falta dele, são elegíveis portugueses das áreas que vão da a arte, à politica, à musica, ao desporto, à historia, à poesia, à ciência, à ditadura, etc., tudo cabe no mesmo saco, os candidatos só têm que ter nacionalidade portuguesa mesmo que não sejam do tempo do BI, é obvio que alguém anda a confundir, a falta de critério, com o falso argumento do estimulo à capacidade intelectual dos votantes com tão vasta e pertinente pergunta a que os submetem.
Se o publico pedisse ao tipo que inventou o formato para escolher “As Grandes Bebidas do Mundo”, ele haveria de o acusar de misturar no mesmo role, as bebidas fermentadas com as destiladas, e a sua fidelidade a ambas impedia a livre escolha.

Uma vez o programa findado, e o grande português finalmente revelado, o que é que vai mudar na sociedade portuguesa, como é que essa revelação vai contribuir para a minha felicidade, e o mais importante, o que lhe vamos fazer? Uma estátua, um livro, cunhar-lhe o busto numa moeda de euro, baptizar uma avenida com seu nome…

Cá para mim, que ninguém nos ouve, vamos fazer-lhe um programa televisivo na RTP e tirar elações e conclusões do resultado da votação, que para mim, têm a mesma validade que concluir acerca da extracção da bola 7 no jogo do euromilhões.


PS: Falando com o outro colaborador, ele frisou um ponto que não posso deixar de apontar; com a típica mentalidade portuguesa, nunca mais vamos ter ninguém a destacar-se em nenhuma área, pois o título de Grande Português já foi atribuído e não há concurso comparável, em que valha a pena ser-se distinguido.