quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Referendo ás Pataniscas


Não sei se repararam, mas assistimos, em directo, ao nosso afável Presidente da Republica a falar durante meia hora, apenas com o propósito de nos anunciar a data do referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), não sei se é mais grave termos um Presidente que demora trinta minutos a anunciar uma simples data, coisa que um gago faria em trinta segundos, se o facto de o mesmo permitir que se remeta para consulta popular, um assunto que é da exclusiva responsabilidade dos órgãos legisladores.

Uma coisa deixa-me preocupado, será que aquela Juventude do partido que hoje está em maioria no parlamento, que foi incasável enquanto oposição, naufragou na viagem de regresso do barco Womans on Wave?

É que estiveram lá, agradeceram, deram as boas vindas à costa portuguesa e até reivindicaram a alteração da lei, e hoje não sei onde eles param, assim, às suas famílias os meus sinceros pêsames!

Para mim, claro está, referendar sobre o aborto, é o mesmo de referendar sobre a legalidade de se comer pataniscas as 19h da primeira 3ª feira do mês, é algo que não diz respeito a todos comunitariamente, mas a quem as come individualmente, portanto não é assunto de referendo, pois quem não gosta de pataniscas não é obrigado a comê-las, nem deve impedir os outros de as degustar fazendo leis repressivas, nem ser hipócrita ao ponto de arranjar personalidade jurídica às pataniscas que se sabe cientificamente que não a têm, muito menos achar que uma patanisca já pode ser considerada como tal, mesmo estando o bacalhau no fundo do mar e o ovo no cu da galinha.

Por esta falaciosa sucessão de ideias, e acerca do assunto que vai a referendo dia 11 de Fevereiro, ou eu sou emancipado aos 17 anos e 3 meses, pois sou judicialmente reconhecido como ser humano à saída da uretra, ou alguém me acuse de genocídio, porque eu dizimo, com relativo prazer, o equivalente a metade da população europeia pela sanita abaixo quando a leitura de casa de banho é a Playboy.

Dai, em vez de condenarem as mulheres ao banco dos réus por um mero “assassínio”, prendam-me antes a mim, “genocída” confesso, que já matou mais gente esta semana, que o Pinochet nos seus longos anos de ditadura.

PS (A semelhança à sigla do tal partido da Juventude é pura coincidência, é Post Script): Digam lá que não é plausível o árduo esforço de fazer um post sobre a IVG sem meter a igreja ao barulho, qualquer dia estou a fazer posts de culinária sobre pataniscas regadas com água benta e acompanhadas com hóstias, sem falar no bacalhau e no ovo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Por esta linha de pensamento, cada vez que alguém bate uma sarapitola há um genocidio em série reproduzido biliões de vezes....não deixa de ser lamentável este assunto ir a referendo, mas sendo assim ao menos que a lei seja alterada de uma vez por todas e se acabem as "fantochadas" à volta do aborto...já ninguém tem paciência para hipocrisias destas. Só de pensar que às 21h de 24 de Dezembro passado, em pleno serviço público de TV, passava a propaganda anti-aborto da igreja católica através do cardeal patriarca de Lisboa.... Não há muito mais a dizer....